☝️ - eu me sinto muito sozinha e nem sempre é fácil
Eu sou, sempre fui e sempre serei muito introvertida. É totalmente normal ser introvertido, mas vivemos em um mundo em que a extroversão é vista como a máxima na vida social do ser humano, então constantemente introvertidos são mal interpretados. Recomendo a leitura do livro "O poder dos quietos" para entender mais sobre esse ideal da extroversão e má visão em relação aos que não se encaixam nesse ideal.
Não gosto de lidar com muitas pessoas. Pessoas são cansativas, drenam uma energia de mim que não sei explicar. Se você já assistiu What We Do In The Shadows, me sinto como ao lado de um vampiro de energia quando estou perto de outro ser humano por muito tempo. As pessoas com quem tenho chance de conversar geralmente não tem os mesmos interesses que eu. Não sei se é azar no ciclo social, mas constantemente sou interrompida enquanto falo, ou percebo que a pessoa não está prestando muito atenção no que falo (talvez os outros me achem tão chata quanto). Depois de alguns anos nesse planeta convivendo com a mesma sociedade, chegou uma hora em que eu decidi ficar quieta. Só falo quando acho necessário ou quando se dirigem a mim. Não finjo ser uma pessoa que não sou. Muitas vezes entro muda e saio calada por preguiça. Escuto muita coisa por ser assim, mas não me importo.
Eu já aceitei que dificilmente irei fazer novas amizades. Todo mundo na minha idade já tem seu ciclo social e suas amizades de muitos anos. Colegas fazemos o tempo inteiro, mas amigos mesmo? Muito difícil. Constantemente me vejo sendo amizade que eu chamo de "amizade de local" (talvez seja uma definição para colega). Conversamos, rimos e fazemos piadas, mas isso enquanto ainda convivemos juntos no mesmo ambiente, por exemplo na faculdade ou em um emprego. Se eu saio da faculdade ninguém mais entrará em contato. Se eu saio do emprego, mesma coisa.
Também não sou uma pessoa fácil de lidar. Eu não sei se é só pelo fato de eu ser muito introvertida ou se há outros motivos não diagnosticados. Me sinto constantemente em segundo plano na vida das pessoas que não sejam meus pais (na verdade, às vezes até com eles). Pego ranço muito fácil das pessoas. Sou muito observadora, então os pequenos detalhes já me incomodam. Tudo isso juntando com minha preguiça de socializar devem me tornar uma pessoa não muito fácil de agradar. E tudo tem um preço.
Nós somos animais sociais. Podemos gostar de ficar sozinhos, mas fomos feitos para viver em grupo. Mas uma coisa é gostar de estar sozinho e precisar se isolar de tudo e todos de vez em quando, outra coisa é se sentir sozinho. Quando você olha em volta e percebe que não tem uma amiga pra chamar pra sair, mas as outras garotas tem. Quando você percebe que ninguém sente sua falta na faculdade. Quando percebe que talvez o melhor amigo do seu namorado é mais especial pra ele do que você. Quando você percebe que sua família não faz tanta questão da sua presença. Quando você vê vários jogos multiplayers legais lançando, mas talvez não tenha alguém tão especial assim pra chamar pra jogar.
Meu ciclo social fora de casa se resume a umas quatro, cinco pessoas. Algumas converso mais, outras converso menos. Mas nenhuma dessas pessoas é aquela amizade, sabe? Que é mais sua amizade e você é a dela do que outras pessoas. Isso só me ocorreu uma vez na vida com um ex-namorado, então hoje em dia por mais que ainda sejamos amigos, não é a mesma coisa.
Muitas coisas recentemente me fizeram pensar sobre essa situação toda e acho que é mais fácil com uma lista:
- me senti um pouco deixada de lado quando no aniversário da minha vó, percebi que ela abraçou com mais vontade a namorada do meu primo do que eu
- nesse mesmo aniversário, ninguém puxou papo furado comigo (o que por um lado minha introversão agradece, mas por outro me sinto excluída)
- na hora que fui embora desse aniversário, só meus avós se despediram de mim
- eu passo a maior parte das aulas da faculdade sozinha, às vezes falando só com o professor (meu ciclo social dali quase todo trancou a faculdade)
- cada vez mais tenho sentido que o melhor amigo do meu namorado é muito mais importante do que eu pra ele, e isso se reflete de várias formas
- quando decido ir no cinema ou no teatro tenho que ir acompanhada dos meus pais (quando não quero ir sozinha), porque nenhuma das minhas amizades se interessa
- eu sempre tento dar presentes em datas comemorativas pras pessoas, mas raramente sou retribuída e me pergunto o motivo
- quero muito ir em um evento musical esse ano mas não tenho companhia
Oi de novo! Então, eu queria muito comentar no post anterior, mas aí vi que você postou esse, e acabei mergulhando nele. Isso porque ele pareceu um reflexo quase perfeito de mim. Sei que pode soar como besteira, ou como se eu estivesse só querendo jogar informação fora (meio pick me), mas é real.
ResponderExcluirMesmo que eu não tenha passado pelas mesmas experiências que você, algumas questões que você trouxe parecem ter outras origens no meu caso. Por exemplo: você falou sobre ter uma vida social, mesmo que não esteja gostando muito de como ela tá rolando. Já no meu caso, eu praticamente não tenho vida social — e isso vem, basicamente, do meu total isolamento. Acho que isso talvez fosse mais comentário pro post anterior, não sei. Mas, desde sempre (infância e tudo mais), eu fui muito sozinha e socialmente rejeitada por ser muito introvertida.
Uma pessoa que sempre falou disso foi minha mãe (vê se vc tbm acompanha kkk). Ela dizia que, por eu ser muito fechada, eu acabava afastando as pessoas. Que elas até tentavam alguma coisa, mas como eu era muito introspectiva, acabavam desistindo. Ela falava que eu precisava de alguém que realmente insistisse… mas que nem todo mundo está disposto a isso, porque, pra essas pessoas, é mais fácil se conectar com quem é mais extrovertido.
Uma coisa que me magoou muito — e que nunca saiu da minha cabeça — foi um episódio com um rapaz da minha sala. Eu estava com uma colega fazendo um trabalho, e ele chegou pra interagir. Em algum momento, ele olhou pra ela e disse: “Eu gosto de garota assim, sabia?” — e apontou pra ela. Aí completou: “Já você, eu não gosto muito assim, não.” Foi muito estranho. Ele falou aquilo sem nenhum filtro. Eu só ri, todo mundo riu, mas… doeu muito. E essa, infelizmente, costuma ser a resposta. — puxa eu também escolhi me calar, pois também sempre sou interrompida, 'corrigida', tenho vergonha de falar o que penso. Decidi me calar até mesmo virtual.
Pessoalmente me impediu de ter amigos de faculdade ou trabalho, namoros, e alguém pra conversar. A ultima vez que sai para além do portão da minha casa foi ao dentista. Me impediu muito de ter vontade de frequentar qualquer lugar, cinema, ou sei lá o que. Hoje tenho apenas um amigo virtual que nem sempre esta 24h disponível; pessoalmente eu tenho absolutamente, inteiramente, ninguém para conversar. Eu passo muito tempo sozinha em casa falando com meus cães, embora kkkk e fico muito mais isolada quando minha mãe sai. me tornei amarga com minha tia, primos não tenho, Eu me acomodei. Nunca tive experiências normais como namoro, frequentar lanchonete.... E até peço desculpas por não ter nada a acrescentar e ajudar, apenas somar experiências, afinal, se eu tivesse alguma eu juro que dava hahaha tamo tudo no fim do poço. o que posso dizer é que você até parece ainda ter vontade; talvez demore um pouco pra acha as pessoas certas (ou A, não precisa de muito pra se sentir realizada) antes que você se isole como eu...
cara pesou o clima né, nossa queria ter algo muito bonito pra dizer, mas realmente.... sinto muito
"[...] nem todo mundo está disposto a isso, porque, pra essas pessoas, é mais fácil se conectar com quem é mais extrovertido."
ExcluirEssa frase é bem marcante pra mim, porque eu lidei com muitas pessoas ao longo da vida que mal tentaram, enquanto eu tentei muito com elas. Hoje em dia se a pessoa tenta demais eu acho que ela tá forçando algo e só tira minha paciência, kkk. Parece uma situação bem complicada de "estamos todos cansados", até mesmo os extrovertidos com eles mesmos.
Sinto muito que tenha passado por essa situação. Já ouvi muita coisa parecida também, sei o quanto machuca. É uma daquelas feridas que de vez em quando a mente infelizmente vai fazer a gente lembrar.
Eu também me calei muito virtualmente por medo do julgamento. Acho que escrever num blog em que outras pessoas leem de alguma forma me ajudou. Ainda sou bastante (dificilmente vou interagir em um servidor do Discord, por exemplo), mas venho trabalhando nisso há alguns anos.
Aqui é um ambiente de compartilhamento e fico feliz que se sentiu confortável de compartilhar sobre um tópico bem difícil de externalizar. Por mais que as primeiras vezes sejam difíceis, já tentou começar a aproveitar as coisas com a sua própria companhia? Eu morro de vergonha de andar sozinha na rua para ir ao cinema, livraria, ou mesmo comer sozinha em um restaurante. Mas a gente não pode ficar esperando ter companhia pra tudo, infelizmente. Eu tinha vergonha até de ir no portão buscar o delivery. Tento pelo menos uma vez ao mês fazer algo sozinha, nem que seja ir caminhar. A gente reflete muito sobre as coisas no caminho, e vejo também que outras pessoas enxergam como um ato de coragem, pois estamos muito acostumados a assimilar saídas com pessoas, mas nem sempre tem que ou vai ser assim.
Esse desabafo toca fundo porque fala de algo que muita gente sente, mas nem sempre consegue colocar em palavras: a solidão que vem mesmo quando se está entre pessoas, e o cansaço de se adaptar a um mundo que não acolhe bem quem é mais introspectivo. Esses dias eu estava pensando em como não tenho nenhuma amiga e fiquei bem chateada, mas passa, depois volta, sigo nesse ciclo.
ResponderExcluirromashka
Eu sempre tive muita dificuldade pra falar sobre isso porque sempre acho que vão achar que falo pra terem pena de mim, mas esperava trazer algum tipo de conforto no que tange a não se sentir sozinho nessa. Foi bem difícil colocar em palavras, realmente!
ExcluirTambém não tenho amigas, meu ciclo social é totalmente masculino. Inclusive pretendo falar em breve sobre isso aqui também, a falta de uma amizade feminina faz muita falta.