⏳ - a nostalgia ainda vai acabar comigo
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Toda vez que eu vejo vídeos ou fotos do início dos anos 2000 eu fico muito melancólica. Uma sensação estranha, ruim, um sentimento de algo que jamais vai acontecer de novo, que não tem volta. Quando eu ouvia meus pais, principalmente minha mãe dizer "que saudade de tal época", eu não entendia, mas hoje entendo perfeitamente, feliz ou infelizmente. Acho que é por isso que meus pais não gostam de me ver muito tempo com a cara nas telas: eles sabem mais do que eu que o tempo não volta.

A nostalgia de quando eu era criança/adolescente acontece muito à noite. Eu também sinto por coisas que não vivi, como ter um armário na escola igual nos Estados Unidos. Talvez por ter consumido muito conteúdo que se passava na escola quando mais nova, minha mente deve interpretar como algo quase vivido. E acho que junto disso também vem a leve tristeza de coisas que jamais poderei viver nessa vida porque o tempo já passou, como fazer um ano do ensino médio em um intercâmbio.

Ao mesmo tempo que é um privilégio poder lembrar das coisas vividas, sejam elas boas ou ruins, eu tenho muito medo do que a nostalgia possa me causar, principalmente em momentos que não estou emocionalmente estável. A sensação contínua de "deveria ser possível voltar e reviver aqueles momentos" em doses muito altas com certeza não deve ser muito saudável. Será que devemos esquecer um pouco o passado e tentar se prender mais ao presente? Será que manter alguns ritos de quando era criança ajudam?

De qualquer maneira, nesta madrugada na qual escrevo este post eu relembrei de muitas coisas e preciso escrever sobre elas. É muita nostalgia para uma única pessoa.

  • Eu já comentei aqui que eu sonho com uma certa frequência com a escola onde fiz o fundamental inteiro. Foi lá onde eu aprendi a ler, escrever, fiz meus primeiros amigos. Desde que me formei eu nunca mais passei lá, mas tenho muita vontade um dia, preferencialmente em um dia mais vazio (se é que isso é possível). Infelizmente muitos professores já não estão mais lá e alguns funcionários que eram muito queridos já se foram. É um lugar de muitas memórias, com certeza passar lá vai me fazer ficar emotiva.
  • Amava quando eu acordava e tinha alguns pacotinhos de figurinhas me esperando na cabeceira da cama dos meus pais. As repetidas eu dificilmente conseguia trocar. Tive um álbum das princesas da Disney que era muito lindo e um do Cocoricó. Nunca consegui completar nenhum.
  • Quando as coisas eram um pouco mais fáceis, minha mãe ia dar uma volta nano centro da cidade e quase sempre me trazia alguma coisa: um docinho, um álbum de figurinhas novo, um livrinho.
  • Falando em livrinhos, eu tinha muitos livrinhos de histórias infantis, muitos mesmo. Usava eles como se fossem cadernos quando brincava de escolinha.
  • Brincar de escolinha no meio da tarde, o tempo parecia que não passava. No começo eu prendia uma folha A4 no armário dos meus pais e escrevia com caneta normal mesmo como se fosse um quadro. As pelúcias ficavam com seus "cadernos" na cama. Depois de um tempo eu acabei encontrando um quadrinho branco e quando sobrava alguma caneta de quadro na escola eu levava pra casa pra usar. Eu também tinha vários livros que às vezes a escola dava pra gente pegar, livros antigos que já não eram mais usados ou estavam desatualizados. 
  • O tempo realmente não passava, pois eu lembro que passava muitas horas jogando World of Warcraft de tarde, e quando parava para brincar ainda estava de dia. 
  • O evento anual de comprar picolé na cantina da escola e algodão doce.
  • Andar à toa pelo pátio em aula vaga e encontrar a Tia Marise com um balde cheio de tangerinas. 
  • Acordar cedo para passar umas duas semanas no sítio dos meus avós. Era uma viagem que parecia levar uma eternidade. Não sei mudou algo na rota ou era percepção de criança, mas hoje em dia ir pra aquela região não é mais tão algo demorado. 
  • Colecionar os tazos e cartinhas que vinham nos salgadinhos.
  • Colecionar brinquedos do Mc Donalds. Eu tive vários, muitos se perderam com o tempo, mas até alguns anos atrás eu ainda tinha alguns, hoje fiquei apenas com os que gosto mais e são mais nostálgicos pra mim.
  • Ir no meu aniversário e no dia das crianças na Casa & Vídeo com meu pai para escolher meu presente.
  • Jogar Xbox e Xbox 360 com meu primo que hoje em dia nem olha na minha cara. Também jogamos muito emulador de Super Nintendo, principalmente porque a internet da casa dele era muito ruim e não tinha como fazer outra coisa no computador. 
  • Passar a tarde jogando Mario Party de Nintendo 64 no computador enquanto minha mãe ouvia o CD do Zeca Pagodinho e Aviões do Forró (volume 7).
  • Jogar World of Warcraft sem pressa, sem pressão e sem competitividade e sem saber inglês. Fazer amigos virtuais e não ter vergonha de falar em chats públicos. Como será que andam a Lotusbranca, Kelassus e Sarabr? Será que ainda estão vivos? Será que também lembram de mim? Nunca saberei.
  • Passar horas jogando joguinhos no Ojogos, principalmente de decorar casa e bingo.
  • Jogar muuuuuito The Sims 2 e pedir pro meu irmão baixar as expansões.
  • Chegar em casa ansiosa depois da escola para jogar o novo episódio de Amor Doce e torcer para ter PAs suficientes. 
  • Escutar MP3 cheio de músicas do ABBA.
  • Ir na locadora quase todo final de semana.
  • Brincar o dia todo no quintal dos meus avós.
  • Assistir filme gravado do cinema no celular.
  • Videogame de 9999 jogos em que eu só jogava Tetris e um de desviar carro.
  • Ter um estojo da Jolie estufado de canetinha e lápis de cor. Eu tinha tanta coisa que não usei que até ano passado eu tinha uma caixa cheia, mas doei.
  • Ter que cantar o hino da cidade e nacional toda semana. Havia um boato que se você não cantasse ou não cantasse direito seria levado na diretoria, mas nunca vi isso acontecer com ninguém.
  • Ir na missa obrigatória da escola que acontecia todo ano e gostar mais do caminho que precisava subir do que a missa em si, além de tentar entender o que era o "biscoitinho" que o pessoal colocava na boca e depois ia rezar.
  • Cheirinho de álcool quando a professora usava aquela máquina pra fazer cópias das atividades que eram todas feitas à mão.
  • Ver o pessoal que eram das séries mais avançadas e chamar eles de "os grandes". "Os grandes tão sempre pedindo pra assinar a camisa". "Os grandes podem usar caneta."
  • Ter um celular que só servia para jogar jogo da cobrinha, porque nem chip tinha.
  • Fazer trote no orelhão.
  • Pular em cima das folhas que ficavam caídas no chão no outono na rua.
  • Assistir Cartoon Network na melhor era: City. Os comerciais do próprio Cartoon seguiam os horários da vida real, além de terem feito toda uma representação dos personagens em uma cidade. Eu amava, era uma sensação muito boa ver aqueles comerciais de noite. Tem vários compilados no Youtube bem legais dessa época. 
  • Assistir Garotas Apaixonadas escondida no Boomerang, quando a programação era toda voltada para adolescentes. Eu morria de vergonha quando passava comercial de A Vida Secreta de Uma Adolescente Americana. 
  • Assistir Rebelde Brasil todo dia desde a estreia e comentar o capítulo na escola no dia seguinte. 
  • Assistir Mansão Foster Para Amigos Imaginários tomando Nescau todos os dias antes de ir para aula no Jardim de Infância.
  • Comer mingau de Neston assistindo Barney.
  • Pedir minha mãe pra fazer carinho nas costas.
  • Cochilar a tarde toda e acordar perdida. Faz muito tempo que não sei mais o que é isso.
  • Assistir Expresso Polar na TNT todo final de ano.
  • Reassistir o DVD do Shrek 2 mil vezes. 

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